domingo, 27 de novembro de 2011

CARA DE DEUS

quanto tempo dura a dor?
aonde vai dar o abismo?
quantas almas você conhece?
qual é a cara de Deus?

quantos males existem no mundo?
quantos litros desse sangue imundo?
quantas águas por mares profundos?
só pra lhe ter mais um segundo...

a que horas você aprece?
quantas guerras nós vamos lutar?
quem dá as cartas e quem vai ficar?
o que nos falta acontecer?

quantos males existem no mundo?
quantos litros desse sangue imundo?
quantas águas por mares profundos?
só pra lhe ter mais um segundo...

quem sabe um dia, uma luz clara aos olhos meus
não denuncia o que ocultara
quem antes não via, de pronto repara
e um cego diria qual é a cara de Deus


letra fred sommer & gugu peixoto música gugu peixoto

terça-feira, 25 de outubro de 2011

A DANÇA

não jogue fora o seu amor
dentro de vagas lembranças
não desperdice o coração
o que lhe pesa a balança?
não brigue por qualquer bobagem
e aprenda a cair na dança

a vida é curta para ser pequena
a alma é longa, não cabe ser triste
se assim parece então quem sabe apenas
é para lembrar que a tristeza existe

e quando lhe faltar a paciência
vá e invente um novo passo
e deixe o tempo desatar o laço
o que lhe prende à própria ausência?
mas nunca perca a esperança
e nunca deixe de dançar a dança

a vida é curta para ser pequena
a alma é longa, não cabe ser triste
se assim parece, então, quem sabe apenas
é para lembrar que a tristeza existe



letra fred sommer música fred sommer e renato alves

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

lá no fundo, nos cafundós
onde Judas eu me perdi
qual Deus me indispus em vão
lá no fim dos confins, na cruz
inda muda a razão ouvi
quem deu, pois, à voz vazão
ao Tejo que jaz fiz jus
não chega o próprio sertão
um cortejo rumo ao jamais
sigo às cegas meu coração
não invejo quem navega em paz
perdão, eu quero mais
do céu quero a imensidão
o que há por trás do véu
por trás do vão
além anos luz
do mesmo cais
hei de me ver então
ali no breu
tremeluzir a olhos nus

letra fred sommer música aureo gandur

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

WANTED

para Dado Dolabella


Mea Culpa? A culpa é minha
máxima, a culpa ninguém
me compra por um vintém
nem por saco de farinha.
Vendo a culpa da vizinha,
que, enfim, é minha também -
o marido é que não tem
culpa da mulher que tinha,
coitado. E nesse vaivém
quem sua e joga na linha
quase não tem culpa nem
remorso de nada. Vinhas
da ira... Conheço bem,
meu bem, sim. Santinha é quem
leva pedrada na espinha,
não quem abaixa a calcinha
à toa, sem mais nem porém.
Frango entre as pernas, galinha,
tudo quanto me convém,
quem sua e joga na linha
não sabe o que é. E além
do mais, sou meio murrinha,
sou. Perdão, a culpa é minha,
já não posso viver sem.
Polêmico? Quem sou eu...
Mesmo passados os panos
quentes sobre esses trint'anos,
quanto sangue não correu...
Lavou-se em público roupa
privada, suja da sopa
que não foi meu apogeu,
e quando caído o queixo
frente ao meu próprio retrato
ninguém sequer, nenhum trecho,
pôs a limpo no papel,
cada pingo, cada prato.
Bem, se cabe a mim fazê-lo,
peço então a voz e a vez
e não pra me sair belo
em foto de paparazzi, ex,
crítico, classe, o diabo.
Pelo contrário. Quero um
a um pôr a mostra o rabo
preso - o meu que tanto prezo
nessa história está ileso.
E acaso não sou comum?
Capaz de num simples gesto,
tipo a flor pra namorada,
me chamarem desonesto.
E admito: uma das duas
foi senão por mim roubada
sob loas, sob luas.
Pudesse dar nomes... Ah!
Foda-se, claro que posso!
Também sou de carne e osso,
já me peguei a chorar
aos soluços, só pensando
nessa ou naquela infeliz
que agora era de um malandro
mais malandro. Tudo atriz!
E mesmo quando não é,
quando é modelo, cantora,
seja o que for a mulher,
no íntimo, é uma senhora
atriz. Daí que sou menino,
sou comum - o que é polêmico.
E depois, eu, de acadêmico
nunca posei, sou Portela!
Então, por que é que o destino
em figurino de donzela
insiste em passar lição
a quem, aqui entre nós,
é surdo da própria voz
se o caso é de dizer não
à tentação de uma saia?
Me diz! Por essas e tantas
outras deve ser que a santa
lá de cima hoje me vaia,
feito fosse inquisidor
ateia fogo em meu filme
junto ao Deus Pai Criador,
que nem se fazia com bruxa.
Vai ver, sei lá, é ciúme...
Tive até mais do que Xuxa
e um pouco menos que o "Homem"
a posta-restante farta,
nunca queimei uma carta
nem jamais usei o nome
em vão dum só corno que fosse.
Doida, desafeto, bicha
velha, nada. Não precoce,
porém, me caiu a ficha
do "big boss", o "bang bang",
o “toma lá dá cá”, o meio.
Não sou mocinho, não, véio,
já muit'água sucedeu
o tiroteio. Mas sangue
que é bom, eu aposto o meu:
se inda pulsa algum aqui,
e não é sangue de barata,
que levei bem mais na lata
do que afirmam que bati!

sábado, 3 de setembro de 2011

PÁ (A MOÇA DA PLATÉIA)

a moça da platéia
não olha nos meus olhos
não cruza as pernas, creia
nem usa fé em Deus
se pá no fundo ri
se pá tem fundo não
talvez passe o chapéu
já cheia de si

ando tão sozinho
entre astros e quimeras
e se já não deixo rastros
quem me dera o seu caminho
eu pudesse então seguir

mas qual, não há quem possa
com a moça da platéia
se cruza os braços, ouça
não usa o coração
num passe ela quiçá
tirasse até o chapéu
e fundo o coração da bolsa
se pá

sigo se preciso
cada passo seu e um dia
vai que pareça um palhaço
quem diria seu sorriso
me terá feito chorar

com a moça dos meus olhos
porém, não há quem possa
no fundo me recolho
chapéu já cheio e pá
se pá nem dá por si
e eu cruzo os dedos, Deus
mas para ela não tô nem aí



letra Fred Sommer música Fred Sommer e Aureo Gandur

terça-feira, 16 de agosto de 2011

CLARINHA

branquinha, não sei
se é da natureza
da natureza da arte
se é tua beleza
a beleza de tua parte mais minha
tem certeza?
parte oposta à parte nua
a parte que não se mostra
não sei se é tua proeza
a profundeza da ostra
se é minha a pérola tua
se é minha, não sei
se é da natureza
da natureza de um astro
se é tua clareza
a clareza do alabastro, Clarinha
tem certeza?
se ainda é lua a parte oposta
já não creio se ainda é crua
se ainda é minha, com franqueza
se ri de mim pelas ruas
se pros outros dá as costas

letra fred sommer música aureo gandur